A noite se foi,
sondo outra madrugada,
procuro silêncios, mas apenas ouço
as batidas do meu coração e
meus suspiros em desarmônica respiração.

Escuto e sinto o tragar da salivação e,
em vã tentativa de ver o corpo adormecer,
rastreio alguma posição.

Em seguida começam as terríveis comichões,
na ponta do nariz e nas solas dos pés,
primeiro no esquerdo, depois no direito,
em breve calmaria, parecem até parar.

Eis que, sorrateira e faceira,
vem outra coceira, a saideira,
essa anatômica e certeira,
bem no meio das costas,
agora chega.

Já esgotados meus triplos twist carpados e
decúbitos espiralados, me pergunto:

- Culpa do ralo chá de Capim-cidreira?

O galo garnizé do vizinho,
tal e qual Big Ben londrino,
britanicamente anuncia,
raiou um novo dia.